Alemanha
- Yan Soares
- Jul 1, 2022
- 2 min read
Updated: Jun 1
Depois de três semanas intensas na Itália, embarquei num ônibus com destino à Alemanha — mais especificamente, para Göttingen. A viagem? Um pesadelo. O ônibus era desconfortável, e fomos parados várias vezes durante a noite por policiais que queriam checar passaportes e bagagens, especialmente os dos alemães.

Cheguei em Frankfurt antes de seguir para o meu destino final, e tive um tempo para explorar a cidade. A arquitetura é interessante, um contraste entre o moderno e o tradicional. Nada mágico como Budapeste ou Viena, mas ainda assim tem seu charme. O que me chamou a atenção em Frankfurt foi a diversidade: era mais fácil ouvir turco ou espanhol nas ruas do que alemão. Muitos latinos, muitos imigrantes — uma mistura rica de culturas.

Logo depois, fui para Göttingen, onde passei três semanas voluntariando através do site Workaway, numa fazenda com um casal de fazendeiros. A Kristel falava inglês e alemão, mas seu marido, só alemão mesmo. Ou seja: aprendi alemão na marra. E, sinceramente? Foi ótimo.
A vila onde ficava a fazenda era minúscula — menos de 100 habitantes, uma igreja, uma piscina comunitária, um bar. E, mesmo assim, foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. No meio do caminho, Kristel levou um coice de uma vaca (sim, um coice de verdade!) e precisou passar uma semana no hospital para cirurgia do joelho. Durante esse tempo, fiquei responsável pelas plantações, além de ajudar o marido dela com as vacas e patos de manhã — e ainda cozinhar!
Aprendi a preparar várias comidas alemãs. Os doces? Deliciosos! Mas os pães… olha, vou ser simpático aqui: não são os melhores. Duros e sem sal, às vezes parecia que eu estava mordendo um tijolo temperado com ar.
Como quase ninguém na vila falava inglês, meu alemão começou a desenrolar — meio torto, meio engraçado, mas saía. Quando fui para Berlim, percebi que quase todo mundo lá falava inglês. Mas não tive desculpa: continuei praticando o alemão.
Berlim foi uma aula viva de história. Visitei lugares emblemáticos ligados ao Holocausto e à Segunda Guerra. Monumentos, memoriais, placas espalhadas pela cidade — a Alemanha realmente encara seu passado de frente. Foi um momento de muita reflexão, respeito e aprendizado.

Durante minha estadia, aprendi uma frase em alemão que levo comigo até hoje: "Reise, weil das Geld zurückkommt, aber die Zeit nicht." "Viaje, porque o dinheiro volta, mas o tempo não."
E essa frase resume tudo o que a Alemanha me ensinou: viver o momento, valorizar as experiências e, acima de tudo, aceitar a verdade. Porque se tem algo que os alemães sabem fazer bem, é serem diretos. Nada de rodeios. Se a conversa acabou, eles dizem. Se você canta mal, eles falam. É duro às vezes, mas libertador também. Eu admiro muito isso, e, inclusive, meus estudantes da Alemanha são os únicos que falam sem nenhum problema se não entendem algo ou se você fala errado em português, sim, eu já fui corrigido em português por um aluno alemão. Mas, absolutamente adoro isso e acho super único e bonito da cultura alemã.
A Alemanha foi um capítulo importante na minha jornada — cheio de imprevistos, aprendizados e pães duros. Mas com muita alma, história e sinceridade. E você, já pensou em aprender alemão cuidando de vacas? kkkkkkk
FOTOS TIRADAS POR YAN SOARES
Comments