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Eslováquia



Em fevereiro, minha amiga Kika, que é da Eslováquia, foi visitar minha cidade natal. E agora, alguns meses depois, foi a minha vez de conhecer o lugar que ela chama de lar. Foram apenas quatro dias na Eslováquia, mas cheios de descobertas, paisagens incríveis e momentos inesquecíveis. E posso dizer com certeza: sem a Kika, essa viagem não teria sido a mesma.


No primeiro dia, fomos direto para o centro de Bratislava, a capital da Eslováquia. Uma cidade pequena e tranquila para os padrões europeus, mas cheia de charme e história.


O centro da cidade é cheio de estátuas divertidas e inusitadas — como o famoso “Cumil”, o homem que sai de um bueiro, sorrindo para os turistas. A cada esquina tem um detalhe curioso, e a atmosfera é relaxada, acolhedora, quase familiar.


No dia seguinte, começamos uma aventura especial: pegamos bicicletas e fomos pedalando até a fronteira. Seguimos pelo rio Danúbio, em uma trilha plana e agradável, cercada de verde e ar fresco. Chegamos até um ponto onde o rio se divide — um braço vai para a Áustria, e o outro para a República Tcheca. Estar ali, em um ponto onde três países praticamente se encontram, foi incrível. E fazer isso de bicicleta tornou tudo ainda mais especial. Liberdade total. Céu aberto. E a melhor companhia do mundo.


Também visitamos Ružomberok, uma cidade pequena, charmosa e rodeada por montanhas. A cidade me lembrou muito algumas cidades da Romênia — construções simples, clima de interior e uma diversidade cultural curiosa, com presença de ciganos.



Foi lá que aprendi sobre um episódio marcante da história local, contado pela Kika: no vilarejo de Černová, um grupo de jovens eslovacos protestou contra a visita dum padre húngaro (em tempos em que a Eslováquia estava sob domínio austro-húngaro). Eles tentaram impedir a entrada do padre, como ato de resistência cultural e nacional — e os soldados húngaros abriram fogo contra os jovens. Muitos foram mortos. É um episódio doloroso da luta por identidade e autonomia da Eslováquia.


Uma coisa que me surpreendeu foi o quanto os eslovacos falam sobre ursos. A presença deles é real nas regiões de montanha, e a Kika me disse que existe até cultura local de como se comportar em trilhas caso um urso apareça. Há sinalizações, alertas e muita consciência ambiental envolvida. Não vimos nenhum, mas só o fato de existir esse tipo de conversa mostra como a natureza ainda está viva e presente por lá.


A cadeia de montanhas Tatras (Veľká Fatra) é uma das paisagens mais icônicas da Eslováquia — e mesmo que eu não tenha conseguido explorá-la a fundo desta vez, sei que há muito ainda por descobrir.


E, claro, não posso deixar de mencionar as uvas! A Eslováquia é uma terra fértil e tem vinhos e uma bebida como Fanta uva deliciosos, embora ainda pouco conhecidos fora do país.

A língua eslovaca é uma das línguas eslavas ocidentais, irmã do tcheco, do polonês e até com algumas semelhanças com o russo. O mais interessante é que, apesar de parecer difícil, é cheia de musicalidade e sons suaves. Kika me ensinou algumas palavras e expressões, e eu adorei tentar me comunicar, o que não deu muito certo.


O país em si é relativamente jovem — a Eslováquia se tornou independente apenas em 1993, após a dissolução da Tchecoslováquia. Mas sua cultura, sua identidade e sua resistência são profundas e antigas.


A Eslováquia é linda. Rica em história, natureza e gente acolhedora. E voltar lá, com certeza, está nos planos. Com Kika ao meu lado, tudo fez mais sentido. Foi uma daquelas viagens que você carrega no coração — não só pelas paisagens, mas pelas conexões. Se você procura um país menos turístico, mas com muito a oferecer, a Eslováquia pode ser a sua próxima surpresa. E quem sabe você também não encontra uma amiga especial como a Kika pelo caminho?


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