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Norte da Italia

Updated: Jun 1


Minha passagem pela Itália durou quatro semanas, mas o que vivi lá parece ter preenchido um capítulo inteiro da minha vida. Principalmente no norte do país, na região do Piemonte, conheci pessoas incríveis, caminhei por montanhas, compartilhei refeições, gargalhadas e até erros de italiano que viraram piada interna. E posso dizer com sinceridade: a Itália foi o único país do mundo onde quase todo mundo falava comigo — na rua, no bar, no mercado, em qualquer lugar.


Foi também onde o hitchhiking (carona) se tornou uma forma legítima de conhecer pessoas. E mais do que apenas pegar uma carona, muitas vezes eu fazia amigos. Gente que me convidava para jantares com a família, festas locais, ou até trilhas nos Alpes. Alguns desses amigos continuam na minha vida até hoje — conversamos online, trocamos receitas, memórias e planos de reencontros.

Durante o meu tempo no Piemonte, meu italiano floresceu como nunca. Se o alemão e o hebraico estavam afiados quando vivi na Alemanha e Israel, o italiano estava quatro vezes mais afiado. Claro, ainda cometia erros — em todas as línguas, inclusive o português (kkk) — mas foi justamente um desses erros que se transformou em um dos meus momentos favoritos. No primeiro dia no refúgio (camp site) onde fiz voluntariado por três semanas, me chamaram para o almoço: "Yan, il pranzo è pronto!" — e eu respondi, confiantemente: "Me ne vado." (Vou embora.) Todo mundo parou, assustado: "Mas por que, Yan? O que aconteceu?" E eu, tentando esclarecer, disse: "Me ne vado... a mangiare!" Foi um momento de gargalhadas e conexão. Depois disso, me adotaram como parte da família. Eles provaram minhas comidas brasileiras, aprenderam a tocar música brasileira e até começaram a falar umas palavras em português. Foram dias intensos de troca e afeto.



Além do refúgio, explorei bastante. Fiz trekkings pelos Alpes, acampei, dirigi até a França, e visitei várias cidades grandes do norte da Itália:



Gênova (Genova): Um dos portos mais importantes da Europa, com um centro histórico que mistura ruelas medievais e um passado marítimo fortíssimo. Cidade natal de Cristóvão Colombo, Gênova tem alma vibrante, comida de rua incrível e vistas do mar que são de tirar o fôlego. Essa é a cidade favorita da Micheline, minha amiga que me visitou.


Veneza (Venezia): Uma cidade única no mundo, construída sobre mais de 100 ilhas interligadas por canais. Veneza foi durante séculos uma República independente e poderosa, dominando o comércio do Mediterrâneo. Não é minha cidade favorita (ainda), mas Josh e eu queremos muito voltar para ver ela com outro olhar. É claro que a beleza é indiscutível — as gôndolas, a Piazza San Marco, os palácios flutuantes… Mas queremos uma experiência mais íntima, longe das multidões, talvez em outra estação do ano.



Torino: A cidade mais elegante do Piemonte. Conhecida pelo chocolate, carros (terra da Fiat!) e pelo famoso Santo Sudário, Torino combina arquitetura barroca com uma energia jovem e criativa. Me encantei com os cafés históricos, os parques e as colinas ao fundo.


Milão (Milano): Moderna, agitada e cheia de estilo. É o coração econômico e fashion da Itália, mas também tem muito charme histórico. A Catedral de Milão (Duomo) é um espetáculo gótico e o bairro Brera me cativou com suas galerias e restaurantes.


Na região do Piemonte, além do italiano, ainda se escuta — em menor escala — o piemontês, uma língua românica com traços franceses e occitânicos. Ela representa a identidade forte e local dessa região montanhosa.


A comida italiana... ah, é definitivamente uma das melhores do mundo. Depois da comida brasileira, as culinárias italiana e britânica são as minhas favoritas (sim, a britânica tem seu charme, acredite). Durante minha estadia no Piemonte, experimentei pratos locais como:

  • Bagna càuda (molho quente à base de alho e anchovas),

  • Vitello tonnato (vitela com molho de atum),

  • E claro, massas frescas e pães…




Mais do que os lugares, a Itália me marcou pelas pessoas. Pela abertura, pela curiosidade, pela forma como fui acolhido. Viajar para a Itália é algo que vale ouro, especialmente se você se permite fazer amigos italianos. São intensos, apaixonados, generosos — e fazem você se sentir parte de algo maior. Saí de lá com amigos, memórias, novas palavras no vocabulário e aquela sensação de ter vivido algo único, que continua vivo em mim até hoje.


FOTOS TIRADAS POR YAN SOARES


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