Norte de Gales
- Yan Soares
- Dec 12, 2024
- 3 min read
Updated: May 18
Há cerca de três meses, Josh e eu começamos a planejar uma viagem curta, mas especial, para o norte de Gales. Já conhecíamos a região, mas desta vez queríamos ir além das paisagens e compartilhar curiosidades e histórias fascinantes que tornam esse canto do mundo tão único.
Nossa jornada começou bem cedo, às 6 da manhã, saindo de casa em Trawsgoed. Após uma hora de estrada, chegamos a Dolgellau, uma pequena cidade que parece ter saído diretamente de um livro de história. Com raízes medievais, Dolgellau foi um importante centro comercial no século XVII, especialmente devido à indústria da lã. O que muitos não sabem é que a cidade também foi uma fonte de ouro — e algumas das joias da Coroa Britânica foram feitas com ouro extraído dali. O que realmente se destaca em Dolgellau são os edifícios construídos com pedra escura, originária de pedreiras locais como Blaenau Ffestiniog. Essa escolha de material não só confere um charme rústico à cidade, como também reflete práticas sustentáveis: usar o que vem da terra ao redor. Caminhar por essas ruas é como passear por séculos de história galesa, cercado por natureza e tradição.

De lá, seguimos para Caernarfon, a cerca de uma hora de distância. A cidade é mundialmente conhecida por seu castelo imponente, erguido no século XIII por ordem do rei Eduardo I da Inglaterra, durante sua campanha de dominação sobre o País de Gales.

O Castelo de Caernarfon não é apenas visualmente impressionante — com suas torres poligonais inspiradas nas muralhas de Constantinopla — como também tem um peso simbólico forte. Em 1301, o filho de Eduardo I, Eduardo de Caernarfon, foi proclamado o primeiro Príncipe de Gales ali mesmo. Séculos depois, em 1969, o local sediou a investidura do Príncipe Charles com o mesmo título. Declarado Patrimônio Mundial da UNESCO, o castelo faz parte de um conjunto de fortalezas históricas, que inclui também os castelos de Conwy e Beaumaris.

Nossa terceira parada foi em um dos lugares mais curiosos de Gales: a vila de
Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch. Sim, esse é o nome completo. Com pouco mais de 3.000 habitantes, a vila é famosa justamente por esse nome gigantesco, que atrai turistas do mundo inteiro. A placa da estação de trem, com todas essas letras, é um dos pontos mais fotografados da região. Mas o lugar vai além da curiosidade linguística: é um símbolo vivo da identidade cultural galesa, e um lembrete da importância de preservar a língua e as tradições locais.

No segundo dia, visitamos Goleudy, onde as paisagens costeiras cortadas por penhascos e ondas nos deixaram sem palavras. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. Fechei a viagem com chave de ouro em Beaumaris, uma pequena cidade cujo nome vem do francês "beaux marais" (belos pântanos), dado pelos normandos devido às terras pantanosas à beira-mar.

Lá fica outro castelo construído por Eduardo I — o Castelo de Beaumaris. Embora nunca tenha sido totalmente concluído, é considerado um dos melhores exemplos de arquitetura militar medieval da Europa, com seu design simétrico e muralhas concêntricas. É mais uma prova da complexa e conflituosa relação entre Gales e Inglaterra, marcada por conquistas, resistência e símbolos de poder.

Essa jornada pelo norte de Gales foi um lembrete poderoso de como é essencial nos reconectarmos com a história, com a natureza e com as raízes culturais dos lugares que visitamos. Cada castelo, vila e pedra tem algo a contar — basta estarmos dispostos a ouvir.
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